sexta-feira, março 20, 2009

Sala de estar

As pimenteiras estão crescendo outra vez, agora duas (tive de matar a estranha)
Penélope continua lá e nunca me encara
Sofá
Maçãs
Almofadas de muitas cores
Um violão quase inútil
A mochila de sempre
Um novo varal, provisório, presentes de um amor, esperando presentes de outro
Bacias que guardam tudo...
Restos da noite de ontem ou do dia de hoje
Espelhos e mais cores
E o velho canto dos maus hábitos, das expectativas, das angústias, de saudade das longas conversas
E o velho canto de observar o tempo, de passar o tempo, de gastar o tempo, de brigar com o tempo
O velho canto de onde eu olho pra fora e ainda mais pra dentro
Canto de compartilhar com os queridos e de ficar só comigo
Canto de escrever e de tomar café

sexta-feira, março 13, 2009

1372 km

considerando o óbvio percebi um contra-senso
meu corpo tem vagado mais que a minha mente...
...esta parece ter fixado morada
...esta insiste em trilhar aquele mesmo caminho
...esta acredita que pode alimentar meu corpo com pão de queijo
confiando na mente quero experimentar a dieta
certo de que o corpo não vai reclamar
certo de que mereço sobremesa
(ainda me lambuzo de doce de leite)

quarta-feira, março 11, 2009

...

você pode não acreditar nisto
mas há as pessoas
que passam pela vida com
muito pouca
fricção de angústia.

eles se vestem bem, dormem bem.
eles estão contentes com
a família deles.
com a vida.

eles são imperturbáveis
e freqüentemente se sentem
muito bem.
e quando eles morrem
é uma morte fácil, normalmente durante o
sono.

pode não acreditar nisto
mas tais pessoas existem.
mas eu não sou nenhum deles.

oh não, eu não sou nenhum deles,
eu não estou nem mesmo próximo
para ser um deles.

mas eles
estão lá ...e eu estou aqui."

Bukowski