domingo, maio 29, 2011

IDV

eu não costumo mudar muito...
apesar de mudar o tempo todo


sexta-feira, maio 13, 2011

segunda-feira, maio 02, 2011

estudo para D.R.

Mesa de bar; casal; um homem e uma mulher.
ELE: Bonita ela!
ELA: Como assim bonita ela?
ELE: Como assim? Como assim bonita ela?
ELA: O que é que você quis dizer com isso?
ELE: Exatamente o que eu disse: bonita ela.
ELA: Você está querendo dizer que eu sou feia?
ELE: Não! Só estou querendo dizer o que eu disse: bonita ela.
ELA: Considerando que ela é loira, alta e magra e eu sou morena e baixinha, está claro o recado: você me acha feia.
ELE: Está claro...tá claro que você tá criando caso!
ELA: Eu sabia. Agora vai começar. Eu sou a problemática, que cria caso com tudo, o poço da insegurança, que não deixo você respirar, que você precisa de espaço, que não sabe como me aguenta, que eu vejo maldade em tudo, que por minha causa a gente briga todo dia...e não me pede calma porque eu estou calma, calmíssima! Não vou fazer nenhum barraco. Você sabe que eu não sou disso...
ELE: Sei...sei sim. Só fala um pouquinho mais baixo, não sei se você percebeu mas tem gente nas mesas vizinhas e ninguém é obrigado.
ELA: Ninguém é obrigado a quê? A saber que você é um safado que não tem o menor pudor de paquerar outra mulher na cara da sua mulher?
ELE: Mas eu não paquerei ninguém.
ELA: Ah não!? Ela pode não ter percebido mas eu sei o que se passou em sua cabeça suja!
ELE: Pelo amor de Deus! Nem ela nem ninguém aqui me viu paquerar!
ELA: Tá vendo? Apelou! Você nem acredita em Deus e botou ele na jogada. Reflexo claro da culpa. E o que você quer dizer com "ninguém aqui"? Você anda paquerando por aí não é? E depois eu sou a intolerante, incompreensiva. É bom que você se lembre de que eu não estou disposta a viver um relacionamento aberto. Se você tá comigo, tá só comigo!
ELE: Estar com você, só com você não significa estar cego e impossibilitado de ver a beleza nas pessoas.
ELA: Então são as pessoas... tem mais de uma? Não é só a vaca oxigenada do balcão? São várias? Você continua o mesmo galinha de quando eu te conheci. Sete anos se passaram e você não mudou nada! Bem que minha mãe sempre dizia que isso não ia dar certo.
ELE: Agora foi você que apelou. Eu pelo menos citei Deus agora você vem trazendo o diabo pra conversa!
ELA: Não fale assim de minha mãe.
ELE: Oi...garçon...por favor...a conta.
ELA:  Não entendi! Você pediu a conta por quê? Pra onde a gente vai?
ELE: Você eu não sei. Eu tô indo pro Elevador Lacerda. E vê se não vem atrás de mim, porque aí ao invés de pular eu te jogo de lá cima!
Sai
Ela vai atrás praguejando, tentando convencê-lo a voltar, pedindo desculpas.